Entre os dias 25 e 27 de agosto, representantes de 11 instituições diaconais de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rondônia e Pernambuco participaram do encontro da Rede de Diaconia – Articulação Norte, em Vitória (ES), junto à Associação Albergue Martim Lutero (AAML). Sob o tema “Avançando em Rede com Diaconia Transformadora”, o grupo celebrou o reencontro e acolheu quem participava pela primeira vez de um evento da Rede.
Após a acolhida feita pela diácona Carla Jandrey, a meditação de abertura foi conduzida por Willa Buecker, da Associação Diacônica Luterana (ADL). Ela enfatizou, por meio de uma dinâmica, o sentido e o mecanismo de rede, que, por meio de elos e de espaçamentos, cumpre seu propósito. A construção de uma única rede com partes feitas por cada uma e cada um mostrou a importância do trabalho colaborativo. Em seguida, Josefa da Silva, da Pró LUDUS, fez a apresentação da Rede de Diaconia utilizando um material visual, possibilitando uma visão básica da abrangência do trabalho diaconal de sul a norte do país.
Ainda no primeiro dia do encontro, Dirci Bubantz apresentou um resumo da avaliação dos 10 anos de caminhada da Rede, completos em 2022, realizada por uma consultora externa. De acordo com a consultora, as ações de mapeamento das instituições, de aproximação e articulação das mesmas de forma gradual até unir todas num encontro nacional em 2016; a estruturação da Rede em articulações regionais, formação dos grupos gestor e coordenador e, mais tarde, a criação do GT de Comunicação, proporcionaram uma caminhada calcada na partilha e na participação. “O Projeto Político Pedagógico, construído de forma participativa, define que no alicerce da Rede estão a diaconia transformadora e a confessionalidade luterana”, pontuou.
Como desafio, a consultora apontou a necessidade da Rede se abrir para ações de incidência pública, ocupando espaços de proposição, como conselhos e fóruns. “O potencial da Rede é muito grande para que a mesma fique restrita a ações internas. As integrantes precisam cada vez mais entender e assumir seu papel de corresponsabilidade e de protagonismo, para que a Rede seja rede”, afirmou Dirci com base no relatório da consultoria.
A manhã do segundo dia iniciou com uma meditação sobre os vínculos e as marcas da Igreja, espelhadas na atuação de Jesus. A mesma foi conduzida por Carla Jandrey e Karina Nunes, gestora da unidade Lupicínio Rodrigues da Comunidade Evangélica de Porto Alegre (CEPA). Na sequência, o grupo foi provocado por Karina a refletir sobre o significado de ser uma instituição identificada confessionalmente com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
As pessoas participantes refletiram sobre o que significa esse “vínculo confessional”, que une as instituições da Rede apesar das diferenças geográficas, de público atendido e do jeito de prestar serviço. Para exemplificar, Karina utilizou os “vincos” existentes num papelão para que o mesmo se transformasse numa caixa de arquivo. “Sem essas marcas, possivelmente a caixa não seria montada com facilidade e resultado satisfatório. E, além dos vincos indicando os locais das dobras, foi necessário o conhecimento da ordem das mesmas, para que a caixa fosse montada de maneira correta, proporcionando segurança para a guarda dos documentos”, explanou.
Karina ainda foi além em sua explicação. “Assim são as instituições identificadas confessionalmente com a IECLB. Nascidas da ação diaconal de pessoas que olharam para fora dos muros da igreja e foram tocadas por contextos de vulnerabilidade, a diaconia institucionalizada preserva em sua ação marcas relevantes da igreja, como acolhimento, partilha da mesa, idoneidade, ética, transparência, entre outras. Porém, o serviço prestado atende às exigências do estado laico e leva em conta as regras das instituições parceiras, sejam públicas ou privadas. Instituições usaram os vincos, as marcas da igreja, e voaram, em diferentes lugares no país. Cada qual com seu jeito, com sua metodologia, mas conservando o seu vínculo com a IECLB” afirmou.
No turno da tarde, a tarefa foi identificar as potencialidades e os desafios em cada instituição e, a partir dessas identificações, pensar enquanto Rede o que pode ser proposto em conjunto para a superação de desafios comuns.
A partilha da história e da atuação de cada instituição representada foi realizada nas duas noites do encontro, promovendo riqueza de conhecimento e aproximação, ampliando a visão de grandeza da diaconia da IECLB nas regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O último dia do encontro foi de reflexão sobre a corresponsabilidade de todas as pessoas que integram a Rede. A sustentabilidade passa pelo sentimento de pertença e de protagonismo de todas e todos e vai muito além da questão financeira. Nesse sentido, a partir da reflexão da tarde anterior, foi constituído o GT da Articulação Norte, responsável por elaborar propostas que façam frente aos desafios definidos como prioritários pela articulação norte: convivência e fortalecimento de vínculos; “pertença” comunitária; distanciamento da igreja; formação; comunicação; certificações; caráter ecumênico e cuidar de quem cuida.
Ao longo de todo o encontro, momentos de descontração aconteceram com muita animação pelo grupo que contribuiu com dons e habilidades musicais. E o cuidado com o bem-estar de cada participante foi proporcionado de forma muito especial por Edna, Elenita, Adélia e Joyce, mulheres que atuam de forma voluntária no âmbito da Associação Central da Saúde Alternativa (ACESA).
No momento de encerramento do encontro, o grupo fez um agradecimento à AAML pelo acolhimento e carinho dispensados, ressaltando a riqueza conferida ao encontro o estar no espaço de uma instituição diaconal.
Texto: GT Comunicação da Rede de Diaconia