O dia 28 de junho, marca um episódio muito importante para a comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais e Assexuais), conhecido como a Revolta de Stonewall, ocorrido no ano de 1969 em Nova York. Iniciou o que seria conhecido mundialmente como um dos principais movimentos de resistência da população LGBTQIA+ contra as frequentes agressões e humilhações sofridas. Stonewall era um bar alvo de frequentes ações policiais que sempre terminavam em muita violência e perseguições.
Algumas das principais responsáveis pela resistência, foram Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, duas mulheres trans, uma afro americana e outra de origem latina. Elas foram também responsáveis pela criação da Frente de Libertação Gay e da Organização de Apoio aos Direitos de Gays e Transsexuais. Marsha teve um protagonismo histórico na defesa de direitos da população LGBTQIA+, assim como, no enfrentamento à pandemia de HIV e Aids nos anos de 1980, inspirando outros movimentos de resistência na Europa e na América Latina.
No início da década 1970, foi realizada a primeira parada pública do orgulho gay. E o dia do Orgulho LGBTQIA+ se tornou uma data para celebrar as conquistas e lembrar de que pouco se avançou na garantia de direitos desta parcela da população em muitos países. Em 2021, se celebra 52 anos desse evento e das lutas que se organizaram a partir de então. Na atual conjuntura política e social brasileira, o tema segue sendo um tabu em muito espaços e a falta de entendimento da maioria das pessoas tem gerado preconceitos, discriminações e violências.
No contexto de pandemia de Coronavirus – COVID-19, a população LGBTQIA+, principalmente a mais empobrecida, encontra dificuldades para garantir a sobrevivência. O desemprego, o preconceito, a discriminação e a violência, muitas vezes motivada pelo fundamentalismo religioso, são fatores determinantes para a exclusão social a qual essa parcela da população é submetida. A falta de acolhimento familiar e a LGBTfobia, colocam o Brasil na lista dos países de maior risco para a população LGBTQIA+. Quando o foco são travestis e transexuais, a situação se agrava. Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% do grupo é composto por trabalhadores do sexo. O desafio de prevenção ao contágio é ainda maior quando a fonte de renda exige o contato físico.
No âmbito das políticas públicas, essa parcela da população é invisibilizada e negligenciada. De acordo com pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Unicamp, a população LGBTQIA+, apresenta um aumento nos casos de depressão, perda da renda e moradia. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria – pessoas LGBT’s têm o dobro de chances de desenvolver psicopatologias associadas à ansiedade e depressão. E esse quadro se torna ainda mais preocupante no contexto de isolamento social.
Viver o evangelho de maneira diaconal é um desafio a ser experimentado todos os dias, é uma conversão diária ao amor incondicional de Deus. Para a vivência diaconal, a exclusão e a discriminação são incompatíveis com a boa nova do evangelho de Jesus Cristo. Desta forma, falar sobre inclusão, garantia de direitos e acolhimento pleno, é falar sobre Diaconia Transformadora. E isso tem relação direta com a diversidade expressa na criação de Deus!
Orgulho de fazer parte da criação de Deus! O texto de 1 Coríntios 12 nos fala da diversidade dos membros do corpo de Cristo e aponta a necessidade e a importância de cada membro em sua especificidade. Quando um membro desse corpo sofre, todos os outros e outras sofrem, pois estão interligados enquanto corpo de Cristo. O olhar evangélico, sob a ótica do que promove a Cristo, deve ser inclusivo em sua essência e acolhedor nas ações transformadoras. O convívio com a diversidade permite enxergar a beleza da criação muitas vezes invisibilizada pelo véu do fundamentalismo religioso! Que prevaleça pois a paz, a fé e o amor!
Durante a reunião ordinária do Grupo Gestor da Rede de Diaconia – realizada no dia 17 de junho de 2021, foi aprovada a publicação do texto alusivo ao dia 28 de junho – Dia do Orgulho LGBTQIA+ em caráter informativo e sensibilizador para o tema de superação da violência e de todas as formas de preconceito. O texto vem ao encontro da visão prevista no Projeto Político Pedagógico da rede: “Ser reconhecida como uma força política transformadora, alcançando maior visibilidade no âmbito da Igreja e da sociedade civil e pautando temas no campo da defesa de direitos.”
Sugestões:
Documentário – A morte e a Vida de Marsha P. Johnson – Netflix 2017
Filme – Stonewall: Onde o Orgulho Começou – Youtube 2015
Filme – Orações para Bobby – Youtube 2009