A engenheira agrônoma e professora da UPF Cláudia Petry defendeu a busca pela autonomia do conhecimento
Cerca de 100 pessoas participaram, no dia 4 de junho, do evento Mulher, alimentação e agroecologia, que correu no Laboratório de Inovação Social (LAI) da empresa Mercur, em Santa Cruz do Sul (RS) O encontro, promovido pela Articulação Mulheres e Agroecologia (AMA) com o apoio da Cooperativa Ecovale, Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA), Articulação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo (AAVRP), Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC), Escola Família Agrícola de Vale do Sol (EFASOL), Comissão de Produção Orgânica do Rio Grande do Sul (CPOrg-RS) e empresa Mercur, debateu a importância e a magnitude do papel da mulher na alimentação e na promoção da Agroecologia .
O evento, que integrou a programação da Semana dos Alimentos Orgânicos no Vale do Rio Pardo, iniciou com a apresentação musical de Bruna Richter Eichler e a fala de representantes das entidades que apoiaram sua realização. Após, Marina Tauil, uma das coordenadoras da AMA, contou um pouco da história da articulação de mulheres e convidou o público a abraçar quem estava ao seu lado, pois, para a feminista, “a luta de um é a luta de todos”. Marina também exibiu um vídeo, no qual diversas mulheres de diferentes profissões e idades como agricultoras, estudantes, professoras e engenheiras agrônomas falaram sobre o que faz sua luta ser diferente da do homem.
Um dos momentos mais esperados foi a palestra de Cláudia Petry, engenheira agrônoma e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), PhD em Paisagismo, Agroecologia e Horticultura Ornamental e Medicinal. A convidada abordou assuntos como o protagonismo da mulher na história, a conquista da autonomia por meio da liberdade econômica, a religião enquanto religação do ser humano com a natureza, as doenças do passado e as de hoje frente ao uso de agrotóxicos e transgênicos na produção de alimentos, o consumo de alimentos orgânicos, a extinção e as alterações no organismo de animais causadas por agrotóxicos e mostrou exemplos de sucesso da agroecologia.
Em sua fala, Cláudia também destacou o papel que deve ser desempenhado pelas agricultoras e agricultores para conscientizar as pessoas sobre a importância do consumo de alimentos orgânicos: “elas e eles precisam fazer a sua parte de comer o que plantam”, afirmou. Para ela, não só produtoras e produtores, mas também técnicos precisam ser autônomos, e não assistentes da cultura dos agrotóxicos, cumprindo seu papel de zelar pela vida das pessoas. Segundo a engenheira agrônoma, o consumo de alimentos limpos passa pela tomada de consciência de cada uma e cada um“É uma escolha, as mortes ainda são por livre arbítrio”, declarou. Cláudia ainda deixou um recado para a plateia: “façam a diferença, não só em relação a gênero, mas pela vida”.
Depois da palestra, foi aberto um espaço para perguntas e compartilhamento de experiências pessoais. Na sequência, Bruna Richter Eichler convidou o público para cantarem, em conjunto, a música Sem medo de ser mulher. O evento contou ainda com a participação de Carla Dornelles, do Centro Ecológico, que explicou como funciona a Certificação Orgânica Participativa, metodologia criada pela Rede Ecovida de Agroecologia, que verifica se os alimentos produzidos estão em conformidade com os princípios da produção orgânica..
Além disso, Carla falou sobre Sistemas Agroflorestais (SAFs), os quais combinam espécies florestais com culturas agrícolas, não agredindo a natureza e proporcionando a recuperação e a preservação de florestas. Ao final, foi servido um café que contou com produtos orgânicos, sem glúten e sem lactose, como bolachas, bolos, sucos e frutas e houve a venda de produtos da Ecovale.
Foto e texto: Kimberly Lessing/Comunicação CAPA Santa Cruz do Sul