A exposição interativa Nem tão Doce Lar esteve na cidade de Teófilo Otoni (MG), Sínodo Sudeste da IECLB, entre os dias 18 e 21 de novembro, como parte da agenda da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), que marcou a Campanha Internacional dos 16+5 Dias de Ativismo pelo fim da Violência Contra as Mulheres.
A iniciativa foi viabilizada por meio da parceria entre FLD e Secretaria Geral da IECLB, vinculada ao Fundo de Trabalho com Vítimas de Violência Doméstica, constituído a partir do Plano de Ofertas Nacional da igreja. O trabalho de coordenação e mobilização envolveu a participação e o protagonismo da instituição diaconal Associação Educacional Evangélica Luterana (AEEL) – Internato Rural, que integra a Rede de Diaconia.
No dia 18, uma roda de diálogo com mulheres de empreendimentos econômicos solidários ligados ao Fórum de Economia Solidária do Mucuri, onde se trabalhou a conceituação de Diaconia Transformadora e de Economia Solidária e a relação e convergências entre as duas áreas. Em seguida, a economia popular e solidária foi apresentada como proposta de empoderamento feminino na superação das violações, especialmente a violência doméstica e familiar com predominância da violência patrimonial.
A exposição foi aberta ao público no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), com a participação especial do grupo “Amigxs da Terceira Idade”, que fizeram uma linda apresentação de canto e dança. Depois, tiveram um momento de fala ao microfone, apresentando denuncias de violências contra a população idosa – desde violações no transporte público, problemas nas filas dos bancos, a perda da autonomia sobre a administração dos recursos financeiros e a exploração por parte de familiares que negligenciam o cuidado com as pessoas idosas.
A exposição esteve aberta ao público até o dia 21, na praça Tiradentes, região central da cidade. No segundo dia, a exposição contou com apresentação de jovens do grupo de teatro In-Cena, que apresentaram uma peça sobre a violência doméstica, encerrando assim as atividades da Nem Tão Doce Lar naquele município.
Depoimentos:
A FLD trouxe um assunto de muita relevância para a cidade. A AEEL e a CETO, que deram início à ação, terão um grande respaldo para continuidade do estudo do tema e a colocação em prática para as entidades envolvidas, no que se refere à superação da Violência Doméstica, criação de uma casa de acolhimento, prevenção, incentivo a denuncias etc.
Creio que todas as pessoas têm uma nova visão sobre a forma como mulheres, crianças, idosos e adolescentes enfrentam este problema, e a importância dos vários órgãos e entidades que trabalham para a aplicabilidade do ECA e da Lei Maria da Penha, envolvendo órgãos públicos, igrejas, prefeitura e promotoria. Nos sentimos esperançadas e sairemos vencedoras no que diz respeito ao desrespeito à humanidade.
Jussara Rosângela da Silva, membra da Comunidade Evangélica de Teófilo Otoni
A Nem tão Doce Lar chegou encantando e reunindo as pessoas e instituições da rede de Teófilo Otoni. Para essa sensibilização e mobilização foi muito importante a concretização de parcerias imprescindíveis para um evento com amplitude no alcance da rede e da população, o conhecimento da rede e o diálogo com todos os atores. As orientações e disponibilização de materiais pela FLD, o compartilhamento de textos explicativos, visitas, reuniões prévias de construção conjunta e a apresentação de vídeos sobre a exposição e a formação, que estão disponíveis na internet, foram essenciais nesse processo. Construir juntas e juntos foi um grande desafio, pois o trabalho organizativo é muito maior.
Das principais impressões que ficaram, destaco a forte participação e compromisso da rede, para mim a principal marca da Nem tão Doce Lar em Teófilo Otoni em 2019. Observo que a presença de membros da rede não só como acolhedoras e acolhedores, mas também no entorno da exposição, favoreceu o encaminhamento imediato de atendimento de denúncias diretamente pelos órgãos responsáveis.
A demanda de popularização do tema da violência doméstica em Teófilo Otoni emergiu claramente, e a esperança de órgãos locais e regionais de poderem contar com a parceria da FLD para trazer a mostra no próximo ano está no ar. Surgiram solicitações para retorno no próximo ano no mês de maio direcionando a formação e o enfoque para o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, abrangendo ainda mais atores da rede.
Andréa Luisa Matuck, Coordenadora de Projetos Sociais da AEEL
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