Havia a promessa de um semestre muito bom e produtivo referentes às atividades da Associação Beneficente Escola para Vida (ABEVI). Então, no dia 17 de março, devido ao Decreto Municipal referente à COVID-19, as atividades diretas com as crianças foram paralisadas.
“Ficamos sem norte e tivemos que reprogramar tudo o que havia sido planejado”, conta Iriane Schrammel, coordenadora da instituição. “Para que não houvesse demissões, devido a suspensão do pagamento do Termo de Fomento, firmado com o Município, a carga horária e os salários das funcionárias e dos funcionários foram reduzidos. Foram elaboradas atividades que as crianças pudessem executar em suas casas e elaborados projetos para aquisição de cestas básicas para ajudar as famílias das nossas crianças e outras famílias que se encontravam em situação difícil.”
A primeira distribuição de cestas básicas foi realizada ainda no mês de março, com alimentos que a Escola tinha no estoque, doados por alunas e alunos da Faculdade FAEMA no trote solidário. “Alimentos estes que seriam usados diariamente nas 4 refeições servidas para as crianças e adolescentes matriculadas na Entidade.”
Já a primeira parceria firmada para aquisição de cestas básicas foi com a Fundação do Banco do Brasil. O projeto aprovado possibilitou a aquisição de 70 cestas básicas, que foram entregues nas casas e na sede da ABEVI, juntamente com a equipe do Banco do Brasil de Ariquemes(RO).
A segunda parceria foi com a equipe do SOS.RO – projeto de mobilização social idealizado por membros do AMERON, AMPRO, AMDEPRO e TCE-RO, com o apoio de diferentes grupos da sociedade. No dia 1 de julho, a Associação recebeu 100 cestas. As primeiras foram entregues às famílias das crianças materialmente carentes matriculadas na ABEVI. Porém, sobraram algumas, pois algumas famílias cadastradas no Cadastro Único já haviam recebido o auxílio pelo CRAS (SEMDES).
“A notícia da distribuição se espalhou, gerando muita procura de pessoas que se encontravam em situação difícil e que já não tinham mais como alimentar sua família. Em muitos casos, essas pessoas não receberam o auxílio emergencial por estar em análise ou por outros motivos diversos. Outras famílias estavam com problemas em seu cadastro único e não tiveram acesso as cestas doadas pelo CRAS”, explica Iriane.
A procura pelas cestas foi maior do que o número que havia para ser distribuído. Pessoas que nunca precisaram de ajuda agora estavam precisando. “Um senhor relatou que ele tinha costume de ajudar as pessoas, e agora, por causa da situação financeira, agravada por problemas de saúde e pela pandemia, é ele quem pede ajuda. A sensação de poder ajudar as pessoas com alimento quando já não têm comida em casa não tem como explicar. Devemos ser empáticas e empáticos neste momento tão delicado em que estamos vivendo. Fica o sentimento de tristeza por não podermos ajudar a todas as pessoas que vieram em busca das cestas. Mas também o sentimento de gratidão por saber que tem pessoas se mobilizando e ajudando aqueles que tanto precisam”, finaliza.