O que diferencia uma instituição diaconal baseada na fé de outras instituições da sociedade? A pergunta orientou a formação sobre O distinto da identidade e prática diaconal, dirigida a instituições diaconais com vínculo confessional com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), promovida Fundação Luterana de Diaconia (FLD) no dia 2 de julho, em Porto Alegre (RS). A formação foi conduzida pelo professor Rev. Dr. Kjell Nordstokke, que atuou no Brasil com contribuições importantes para a diaconia no âmbito da IECLB e em espaços ecumênicos globais.
De acordo com Norkstokke, a Identidade está baseada em três pontos: Continuidade, que é ser o mesmo, ao mesmo tempo, ser diferente, considerando os processos de mudança da sociedade; a Integridade, que une a diversidade, afirmando ao mesmo tempo a unidade; e o Distinto, a característica fundante que diferencia, sem hierarquizar.
O desafio está na forma como as organizações diaconais trabalham sua identidade e seus valores – o que são, o que fazem e como fazem –.
Definir a identidade é fundamental para uma relação transparente e responsável com quem se trabalha, como a igreja, as comunidades locais, o poder público, movimentos e organizações da sociedade civil, agências financiadoras. Além disso, fortalece a instituição, a partir da elaboração de sua visão, da identificação dos valores que a movem, das estratégias, das prioridades, do empoderamento das equipes, do desenvolvimento de uma cultura institucional e da formação de lideranças.
Em documento preparado em 2012, para sua assembleia geral de 2013, em Busan, na Coreia do Sul, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) fala em “missão nas margens do mundo”. “Eu falaria em diaconia nas margens, como um lugar privilegiado para identificar desafios e possibilidades de mudanças, e também como um espaço de aprendizagem e renovação de conhecimento”. Ao lembrar as histórias de Jesus, citou diversas passagens nas quais ele ia ao encontro das pessoas mais excluídas, via, ouvia, tocava e experimentava. Novas relações, inclusive relações de conflito, podem contribuir com novos elementos para as mudanças necessárias ao trabalho e reflexão da diaconia – ela é móvel, fluída e sua construção é processo.
Nordkstokke afirma que diaconia é uma prática de transformação, reconciliação e empoderamento. “É compartilhar, incluir, cuidar, curar. É estar com as pessoas mais excluídas, mais perseguidas, que menos acesso têm a políticas públicas, à comida, à educação. Diaconia é atuar a partir da fé em Deus e do desejo por direitos, por justiça e pela paz”.
No final do encontro, a coordenadora do Centro Infantil Eugênia Conte, Maria Eleni Leite, disse o quão gratificante havia sido participar. “Ouvir o reverendo Kjell nos permitiu entender que é preciso fazer diaconia de forma viva. Sempre me identifiquei com esse trabalho e amo o que faço. Saio daqui renovada, com essa vida que a diaconia nos traz, que faz com a que a gente perceba que a outra pessoa é movimento, e que não podemos viver sem esse movimento. Diaconia não deve ser pesada, lenta, mas nos impulsiona para construirmos espaços de vida.”