Presépio do Albergue Martin Lutero (Vitória/ES)
É cada vez mais frequente nos noticiários televisivos ou nas mídias digitais, informações sobre pessoas que necessitam deixar o seu lugar de origem em busca de sobrevivência em outro país. São mulheres, homens e crianças em situação de vulnerabilidade, enfrentando graves perigos, que levam muitas e muitos à morte, numa tentativa desesperada de se manter vivas e vivos. Frente ao movimento migratório há quem defende a ideia de que seus países não devem receber estrangeiras e estrangeiros. Inclusive, são implementadas políticas de imigração com o propósito de restringir ou dificultar a entrada de pessoas imigrantes, especialmente nos países mais ricos. Mas, há pessoas que são tomadas por sentimentos de misericórdia, empatia, solidariedade, ancoradas na certeza do direito à vida em qualquer lugar para todas as pessoas, que devem ser acolhidas e apoiadas. “Pois eu estava com fome e me deram de comer, estava com sede e me deram de beber, eu era estrangeiro e me receberam na sua casa; ” (Mateus 25. 35)
A imigração também é uma realidade no Brasil! Podemos perceber a presença de pessoas oriundas de países do continente Africano, do Caribe, do oriente Médio e de países vizinhos da América do Sul. Assim como a família do pequeno Jesus precisou migrar para o Egito, na esperança de salvar a sua vida, muitas famílias buscam fugir de conflitos armados, catástrofes ambientais, perseguições políticas e religiosas, na esperança de contar com a solidariedade e hospitalidade em outros países. Essa, infelizmente, não é a realidade! A xenofobia, o etnocentrismo, o racismo e o preconceito são muros que precisam ser transpostos, para além dos muros físicos levantados mundo afora!
Internamente, a migração de pessoas é também significativa. E mesmo quem se desloca para outra região dentro do Brasil não está livre da rejeição, do preconceito e da exclusão. Em geral migrando para os grandes centros, onde esperam encontrar trabalho e melhores condições de vida, vão engrossar os bolsões de pobreza e continuar vivendo em condições precárias, sem garantia dos direitos básicos.
Atuar para transformar realidades de injustiça e de sofrimento, denunciando as razões que colocam crianças, mulheres e homens em situações de exclusão, e anunciar que a “criancinha enrolada em panos e deitada numa manjedoura” veio para que todas as pessoas “tenham vida, e a tenham com abundância (João 10:10) é o que move a diaconia.
Em meio aos imensos desafios cotidianos, nasce uma criança pobre, filha de mãe e pai migrantes. Exatamente nesse lugar, onde as necessidades são muitas, ao lado das pessoas que sofrem, Jesus repousa num curral! Anúncio de transformação que vem da das bordas da sociedade, da margem, da periferia!
A mensagem de Natal é um chamado para cada uma e cada um que resistiu bravamente ao longo de 2021, que atuou para que as mudanças anunciadas pelo menino Jesus tenham continuidade, que estendeu a mão e acolheu, que ousou esperançar contra toda desesperança: é hora de “repousar”, de olhar para tudo que foi possível realizar e agradecer. Acima de tudo, é hora de respirar profundamente e permitir que o real significado do Natal, o amor, a empatia, a solidariedade e a esperança impulsionem para um novo ano de muita diaconia transformadora!
Abençoado Natal, abençoado ano de 2022!